Resumo: Introdução: Estudou-se a mortalidade das fraturas cervicais sem lesão neurológica na população idosa e os fatores relacionados, num período de dez anos.
Materiais e Métodos: Selecionaram-se 184 doentes internados com fratura da coluna cervical sem lesão neurológica, com idade superior ou igual a 65 anos, admitidos entre 1 de Janeiro de 2007 a 31 de Dezembro de 2016. Procedeu-se ao estudo retrospetivo e analisou-se a epidemiologia por grupo etário (<80 e ≥80 anos), região afetada, mecanismo causal, tratamento, necessidade de cuidados intensivos, causa de morte e mortalidade no internamento e 30 dias após a alta. A correlação entre variáveis estabeleceu-se através do teste Mann-Whitney.
Resultados: As fraturas ocorreram maioritariamente na região alta (C0C1C2): 71,7%, 56,1% tinham fratura isolada de C2 e em 56,8% envolvia a apófise odontóide. O principal mecanismo de lesão foi queda acidental 77,7%. No grupo etário <80 anos o tratamento cirúrgico foi mais frequente (p<0,05). O internamento foi mais prolongado nos doentes operados (p<0,001). A taxa de mortalidade no internamento foi de 8.2%, maior no grupo etário ≥80 anos (13,3%), relativamente ao grupo com idade <80 (3,9%), (p<0,001). A mortalidade até aos 30 dias após alta foi 4,9%.
Conclusão: A taxa de mortalidade destas fraturas é significativa, principalmente na idade ≥ 80 anos. A cirurgia foi mais frequente nos idosos com idade <80 anos. A faixa etária ≥80 anos pode ser considerada um fator de risco de mortalidade e a mortalidade até aos 30 dias após a alta pode ser um melhor preditor da mortalidade.
Palavras-Chave: Coluna cervical; Idoso; Mortalidade; Fratura Vertebral